sábado, 28 de fevereiro de 2009

"Nem sempre o chão da alma é seguro. Nem sempre o tempo cura qualquer dor. . ." ( Mafalda veiga )

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Love-love-love


Uma noite quente, daquelas noites abafadas mesmo. No céu, clarões amarelados riscavam as nuvens, indicando talvez uma chuva, uma doce chuva de verão, pre refrescar.
Quem não esperava a chuva e se refrescava antes disso eram Layla e Jade. As duas tomavam soverte no jardim do edifício, pernas de fora nos shorts e camiseta de alça. Mesmo assim, com muito calor. Enrico apareceu na portaria, veio subindo a ladeira do edifício.
- Pronto! Quanto você aposta que ele vai implicar comigo?
- Ah, Layla! Eu não entendo essa sua birra com o Rico. Ele tão bonitinho, tão legal. . .
Pra azar da loira, Rico realmente implicou. Foi ver as garotas, deu um risinho irônico:
- Eeeeeeeeh, vida mansa a da burguesia: a campanha da eleição para presidente está esquentando e vocês não querem saber de nada na vida, hein?
- Eu nem voto - falou Layla, encolhendo os ombros e dando uma lambida grande no sorvete, daquelas lambidas "redondas" , dando a volta com a língua por todo o chocolate do sorvete. - É optativo antes dos dezoito.
- Você não se interessa por nada, né, Layla? O mundo pode acabar e pra você tudo bem.
- Escute aqui, seu metido politiqueiro: que eu saiba, eleição pra presidente não vai fazer o mundo acabar. E eu acho esses candidatos que estão aí uns babacas.
- Quê isso! O PT...
- Olha,de PT e PV e PQP e SEI-LÁ-QUE-PÊ eu não sei e nem estou a fim de saber.
Layla se ergueu do banco. Aproximou o sorvete do rosto de Enrico, sorriu com sensualidade. Deu outra lambida no sorvete. Estava bem perto do rosto do rapaz. Bem perto, Rico sentia o perfume da pele da garota; não conseguia afastar seus olhos dos dela. Respirou fundo, ficou com raiva. Apertou os lábios.
- Você é uma tonta, mesmo.
- Eu, senhor Rico? - Layla jogou fora o palito de sorvete, passou a língua pelos lábios. - Sou? Será que eu é que sou tonta? Ou o tonto aqui é você?
Enrico fechou os olhos por um segundo. O tempo de raiva e a agitação subirem do peito pra cabeça,irem pra mão. Ele não pensou, foi um gesto automático, agarrou o pulso de Layla e apertou, apertou com força.
- Por quê? O que você quer que eu faça,hein? Por que você fica me. . . provocando o tempo todo? O que você quer de mim? O que você quer. . .
Ele torcia o pulso de Layla; via o seu rosto bonito formar uma careta de dor e foi aquela mistura de sentimentos - "ela me provoca" , "ela me excita" , "ela se oferece" , "eu odeio a Layla" , "a Layla é burra" , "a Layla é tonta" , "a Layla é bonita" . . . E tudo, tudo isso explodiu num movimento só - Enrico apertou o corpo da garota no seu corpo e deu um beijo naquela boca gelada de sorvete. O beijo, no começo, arrancado. Ele sentia só o frio dos lábios, a pressão dos dentes sob os lábios fechados, e depois de leve Layla moveu a boca, abriu os lábios pra receber a língua ágil e desesperada do rapaz, enquanto ele sentia que seu corpo desaparecia, inteiramente grudado no dela,suando juntos e se apertando tanto. . .
Jade pisou num graveto, lá bem longe, perto dos elevadores. Esse ruído bastou para acabar com a magia.
Tonto, sentindo as gotas de suor e a saliva de Layla ardendo sobre sua boca, o rapaz se afastou dela. Layla tinha uma expressão surpresa nos olhos, olhos que pareciam maiores e vazios, como se o mundo tivesse perdido toda sua lógica.
- Você. . . - Ela passou as mãos por seus lábios, muito de leve. No pulso, a marca avermelhada dos dedos do rapaz. Ele reparou em tudo isso junto, sentia o coração a mil, a cabeça a mil. Gritou:
- Eu odeio você, entendeu? ODEIO VOCÊ! Você é tudo que eu detesto numa garota. Esse exibicionismo. . . Esse jeito de ficar provocando os caras, esse. . . Você não se interessa por nada, você é burra.
- E O QUE VOCÊ TEM COM ISSO? - Os olhos de Layla tinham diminuído, dominados por lágrimas que ficavam brilhando, mais brilhantes do que seus olhos claros. - Por que você se incomoda com isso? Você não é meu irmão. Você não é meu pai. Você não é. . . - ela ia dizer, preferiu sentar de novo no banco e falou baixo - . . .meu namorado.
Ele suspirou fundo, esfregou as mãos pelo cabelo num gesto furioso, furioso e triste. Não triste, confuso. Não confuso, dolorido. De pé, ao lado do banco, ele só não entendia aquela excitação, aquele beijo, aquela dor maluca no peito.
- Layla, Layla, eu. . . por que você me provoca tanto, Layla? Eu não sou de ferro. Eu sou um homem. E você insiste. Parece de propósito. Sempre se esfrega em mim, sempre me procura, sempre. . .
- Eu não faço tudo isso! É coisa da tua cabeça, você é louco! Esse é o meu jeito, eu sou assim mesmo. - Ela havia se levantado. De novo, tinha ficado tão perto de Enrico que o rapaz podia respirar a respiração dela.
Aquilo não era de propósito, Layla pensou. Mas estava agindo assim, quase tocando o corpo dele, quase se encostando nele, e ia apenas dizer que o detestava.
De novo, o beijo. Menos machucado do que da primeira vez. Mas, dessa vez, tão mais intenso. . . No corpo de um e de outro, a sensação de descarga elétrica passando sei-lá-por-que-magia, como se as veias tivessem se confundido de corpos, e o sangue estivesse sendo bombeado no conjunto todo, no conjunto de dois corpos se abraçando, os corações batendo no mesmo ritmo: forte, intenso, excitado.
Quando os lábios se afastaram, Layla estava chorando.
- O que foi?
- Eu não sei. . . - Layla suspirou, mas as lágrimas continuavam saindo dos olhos. - Não sei o que está acontecendo. . . Você não gosta de nada do que eu faço. Você implica comigo desde que me lembro de ter conhecido você. . . Tá sempre dando bronca, sempre irritado, sempre.
- Não era nisso que você estava pensando quando eu te beijei. - Rico ergueu a mão, no impulso de limpar uma lágrima que havia parado na face da garota. Mas voltou a mão. - Não era nisso.
- Não era, não sei. . .Não sei o que estou sentido, Layla. Eu. . .nunca me senti assim. Eu. . . estou triste! Por que você me deixa triste? Por que está tão difícil. . . tão difícilpra mim, pra você? Pra gente. . .
- Pra gente, o quê?
O tom de voz deles fez Layla parar. Era aquele jeito, a necessidade de tudo ter uma lógica, tudo tinha de ser decidido, claro, explicado. E ela ficou com raiva. Aproximou seu rosto do dele, limpou as lágrimas com um gesto, olhou bem dentro dos olhos dos olhos castanhos de Enrico.
- Por que você não diz que me ama? POR QUE VOCÊ NÃO CONSEGUE DIZER ISSO?
- Por que não é verdade! - ele gritou, quase assustado com a idéias de que fosse verdade. Como era possível isso, amar a Layla? A tonta da Layla? A Layla que nem sabia o que era PT, nem gostava de estudar? A burra da Layla? A linda da Layla?
Layla nem percebeu como fez isso, mas o sorriso que apareceu nos lábios dele irritou. Sua mão subiu rápida e leve, e quando percebeu, já havia dado um tapa no rosto de Rico. Afastaou o corpo, foi afastando. . . e saiu correndo.
"O que foi que eu fiz, o que foi que eu fiz, eu bati nele, ele vai me odiar, odiar". . . corria.
Estava no hall dos elevadores, apertou o botão, não quis esperar, foi para o outro hall, elevador de serviço, aperotu o botão etmabém não quis esperar, foi subindo os degraus da escada, primeiro andar, segundo. . .
Entre o segundo e o terceiro andares, Rico a alcançou. Segurou nos ombros de Layla, ela o empurrou com os cotovelos, ele agarrou a sua cintura; ela se mexia com tanta força, ele a puxou pela camiseta, a alça da camiseta arrebentou.
- Rico! - Layla gritou, protegendo os seios, que começavam a aparecer quando a alça se rompeu.
- Eu estou louco, Layla. Eu estou louco. . . - Ele tentava colocar a alça no lugar, mas estava era apertando o seio de Layla. No meio dos gestos, os dois pararam. Rosto vermelho dele, inchado dela.
E riram. O riso maluco de quem se achava completamente maluco. Layla segurando a blusa pra não cair. Enrico sem saber onde colocar as mãos, os dois riram no meio da escada, uma risada que fazia eco. Ouviram um "pssssssiu" vindo do terceiro andar; foram rindo mais baixo, foramse tocando as mãos. Enrico subiu a mão para o rosto de |Layla, alisou seu rosto. Layla deu um beijo na mão dele, se abraçaram forte. . .
- Eu te amo, Layla. Eu te amo, Layla. Eu sempre amei você; eu sou uma besta; não sei por que sempre briguei tanto contra isso; eu amo você.
Layla não precisava dizer. Talvez já estivesse adivinhado, ou era a capacidade estranha de as mulheres terem intuições, mesmo que nem elas mesmas consigam falar para o próprio coração o que sentem. A verdade é que Layla sabia. Mas também essa sua mesma intuição lhe dizia que Enrico era duro, era uma couraça difícil de abrir. Ele com sua lógica, com sua moral, sua dificuldade em se abrir aos sentimentos.
- Pensei que você nunca ia dizer, Enrico. Eu também te amo.
Ele apertou o rosto de Layla entre as mãos, ficou olhando todos os detalhes, mesmos aqueles em que já havia reparado antes: a discreta pinta na testa, a pele macia e rosada, os cílios escuros e longos, o azul-água daqueles olhos grandes, o nariz de beiradas pequenas, agora se movendo na respiração forte da garota.
E deram outro beijo.
E nessa hora, nessa hora do beijo, nem Enrico nem Layla poderiam saber. Mas as nuvens tinham se aberto, o calor se aliviado com o vento, e começava a cair a chuva forte. Violenta - alívio e delírio. E começaram a cair pingos grandes como pires, pingos grandes - do tamanho do coração de um homem.

Esse é um texto que eu adooooro...Ele foi tirado de um livro que eu tenho chamado Histórias da Turma autora Márcia Kupstas...E foi esse livro e esse texto que me inspiraram pra começar a escrever umas histórias que já passavam por minha mente.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Amigo é aquela pessoa que o tempo não apaga;
que a distância não separa;
que a maldade não distrói.

É um sentimento que vem de longe,
que ganha lugar no seu coração
e que vc não substitui por nada.

É alguém que vc sente presente
mesmo estando longe...
Que vem para o seu lado quando vc está sozinho
e nunca nega um sentimento sincero.

Ser amigo não é coisa de um dia
são atos,palavras e atitudes
que se solidificam com o tempo
e não se apagam mais.
Que ficam para sempre como tudo o que é feito
com o coração aberto.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


Penso que o tempo que passamos com cada amigo é o que torna cada amigo importante.
As amizades constroem-se com pequenos momentos.
Pedacinhos de tempo que vivemos com cada pessoa.
O importante não é quantidade de tempo que passamos com cada amigo,mas sim a qualidade de tempoque vivemos com cada pessoa.Cinco minutos podem ser mais importante que um dia inteiro.
Assim sendo,existem amizades construídas por sorrisos e dores partilhados,outras pela escola,outras por saídas,cinema e diversão;também tem aquelas que nascem e não sabemos de quê ou por quê,mas estão presentes.
Talvez essas estejam fundadas em silêncios partilhados,ou pela simpatia mútua para qual não encontramos explicação.Também existem muitas amizades construídas em e-mails,nossas "amizades virtuais" que nos fazem rir,pensar,refletir...
Aprendemos a apreciar as pessoas sem julgá-las pela sua aparência ou modo de ser,sem as poder rotular (como algumas vezes fazemos inconscientimente).
Há amizades profundas nascem assim.

Saint-Exupéry disse:"Foi o tempo que passaste com a tua rosa que a tornou tão importante"

Penso que o tempo que passamos com cada amigo é o que o torna tão importante.
Porque o tempo que "perdemos" com os amigos não existe é tempo ganho,aproveitado,vivido.São recordações para um momento ou para toda uma vida.
Um amigo é importante para nós e nó para ele,quando somos capazes,mesmo na sua ausência,de rir ou chorar,de estranhar ou querer está perto dele para desfrutar da sua companhia.
Podemos ter vários melhores amigos de maneiras diversas.
O importante é saber aproveitar ao máximo cada minuto e ter depois,nas nossas recordações,horas para passasr com eles,mesmo estando longe.

"O amigo autêntico é o que sabe tudo sobre ti e continua a ser teu amigo"
Kurt D.Cobain